Enfermagem: Enfermeiros trabalham 18 horas a mais

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Enfermeiros trabalham 18 horas a mais


Profissionais da área trabalham até 48 horas semanais, contrariando a OMS, que recomenda no máximo 30

Eles formam a linha de frente do atendimento de saúde e tiveram as suas atribuições preservadas pela presidente Dilma Rousseff.

Ao vetar um artigo do chamado Ato Médico, que restringia aos médicos a prescrição de medicamentos e diagnósticos de doenças, a presidente jogou luzes sobre a categoria dos enfermeiros, um contingente de  137.111 profissionais somente na cidade de São Paulo, que no geral trabalha muito, mas nem sempre é compensada financeiramente.

De acordo com Donato José Medeiros, primeiro secretário do Coren (Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo), é comum na categoria uma jornada de trabalho superior a 40 horas semanais, quando a OMS (Organização Mundial de Saúde) recomenda que não passe das 30 horas. “Vemos profissionais trabalhando 36, 40 e até 48 horas semanais. Isso é preocupante”, afirmou. “Afinal, trabalhamos com vidas humanas.”

A jornada excessiva compromete a qualidade do atendimento, como atesta a diretora do Seesp (Sindicato dos Enfermeiros do Estado de São Paulo), Solange Caetano. Ela diz que os enfermeiros não possuem condições de realizar um trabalho preventivo, principalmente no PSF (Programa de Saúde da Família), que tem participação dos governos federal, estaduais e municipais e é realizado nos postos de saúde. “Tem enfermeiro que toma conta de equipes em várias unidades”, afirmou. “Não tem condições de avaliar se uma pessoa está tomando medicamentos de hipertensão ou fazendo uma dieta regulada, que é o foco do Programa de Saúde de Família.”

Outro problema, segundo os representantes da categoria, está na formação. De acordo com Medeiros, a maior parte dos profissionais tem apenas nível técnico e os cursos são fiscalizados somente pelas delegacias de ensino. “Os cursos superiores são fiscalizados pelo Ministério da Educação, mas isso não garante qualidade”, disse. Apesar disso, as denúncias registradas no Coren não são expressivas. Em 2012 foram protocolados 352 casos, atingindo menos de 1% da categoria no estado, que chega a 400 mil  profissionais.

Enfermeiro faz a primeira consulta do pré-natal em SP
A primeira consulta para pacientes grávidas que procuram a rede pública de saúde na cidade de São Paulo para fazer pré-natal é feita por enfermeiras. Elas fazem uma espécie de triagem, solicitam exames e somente depois as pacientes são encaminhadas ao médico ginecologista. O DIÁRIO visitou nesta sexta-feira três unidades de saúde e constatou a prática. A rede pública de saúde da cidade de São Paulo conta com 5.863 enfermeiros de alto padrão  e a estadual com 6.754  profissionais  para todo o estado. As assessorias das duas redes não souberam informar se há deficit de enfermeiros.

O presidente do Simesp (Sindicato dos Médicos de São Paulo), Cid Carvalhaes,  afirmou que há falta de profissionais tanto médicos como enfermeiros.  “Falta estrutura. Não tem posto de atendimento. Falta medicamento, possibilidade de consultas com outras especialidades. Falta dentista, enfermeiro, exame, hospital. Falta tudo.” A diretora do Seesp (Sindicato dos Enfermeiros do Estado de São Paulo), Solange Caetano, afirmou que o PSF (Programa Saúde da Família) tem uma cobertura de 70% na cidade. “Não chega a 100% pela falta de profissionais.”

Entrevista
Cecília Gonçalves_Auxiliar de enfermagem

‘Somos preparadas para estar na linha de frente’

Ela já é formada em enfermagem, mas ainda exerce a função de auxiliar na rede pública municipal por ser concursada nesse cargo. É elogiada pelos pacientes por ser dedicada e preparada e acredita que a presidente Dilma Rousseff acertou ao manter a permissão para os enfermeiros atuarem na linha de frente da saúde pública.

DIÁRIO Como é a sua rotina de trabalho?
CECÍLIA GONÇALVES  Faço a avaliação dos curativos. Avalio também a pressão de hipertensos e vejo a glicemia (concentração de açúcar no sangue) em diabéticos. Às vezes, quando o enfermeiro está de folga, exerço a sua função, afinal sou formada em enfermagem, mas trabalho como auxiliar porque fui concursada no cargo.

Você se sente preparada para isso?
Sim. A gente segue protocolos estabelecidos e estudei para isso. É claro que quando fizer pós-graduação estarei ainda mais bem preparada.

Vocês fazem a primeira consulta das pacientes grávidas, em pré-natal?
Sim. É uma espécie de triagem. Orientamos os próximos passos, solicitamos os primeiros exames e encaminhamos para o médico ginecologista.

Você acha que a presidente Dilma Rousseff acertou ao vetar o artigo do Ato Médico que restringia aos médicos a prescrição de medicamentos e diagnóstico de doenças?
Sim. Somos preparados para isso. O veto impediria a continuidade de inúmeros programas do SUS (Sistema Único de Saúde).

MEC estende exame a estudantes brasileiros
O MEC (Ministério da Educação) resolveu aplicar o Revalida (Exame Nacional de Revalidação de Diplomas), feito hoje por médicos formados no exterior que queiram exercer a profissão no Brasil, também para estudantes do último ano de medicina de instituições de ensino do país.

Cidade vai ganhar três UBSs integrais
A Secretaria Municipal da Saúde informou que  o município vai ganhar a partir de agosto três novas UBSs (Unidades Básicas de Saúde)  no modelo integral, sendo uma na Zona Leste e duas na Zona Sul.

Governo aumenta bolsa do Provab
O Ministério da Saúde anunciou nesta sexta-feira o aumento da bolsa do Provab (Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica) de R$ 8 mil para R$ 10 mil. O novo valor vai começar a ser pago em setembro.

Fernando Granato
fernando.granato@diariosp.com.br

Mobilização Nacional da Enfermagem - MONAENF
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Fonte: www.diariosp.com.br

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